quinta-feira, 16 de junho de 2011

Historia das cores do Santa

Por que o Santa Cruz é tricolor

O Santa Cruz nasceu alvinegro. A escolha das cores preta e branca é uma representação do ideal do clube: aproximar adeptos de todas as raças, pois até a fundação do Santa Cruz negros e mestiços eram proibidos de fazer parte do elenco de Náutico, e outros times da capital.

A presença de Teófilo de Carvalho, jogador mestiço, ajudou o Santa Cruz ganhar rapidamente popularidade, pois até aquela época futebol era esporte de branco. Teófilo foi o primeiro jogador mestiço a jogar em um clube de futebol do norte-nordeste.

A união entre negros, mestiços e brancos ajudou o Santa Cruz a tornar-se o clube mais popular do nordeste logo nos primeiros anos de vida.

A adição do vermelho

Logo no início de sua fundação, o Santa teve sua vida complicada por algumas entidades. A federação de futebol da época proibiu que o clube adota-se o preto e o branco, alegava que já havia outro clube com essas cores e que não poderia haver duas entidades com a mesma cor no pavilhão.

Com isso o Santa Cruz se viu obrigado a modificar as cores de sua camisa. Porém, o Santa Cruz buscou seguir o mesmo ideal de sua fundação: unir as raças e as classes sociais em pró do clube, por isso dessa vez incluiu o vermelho (encarnado) que representa o elemento indígena. A soma do preto, branco e vermelho no pavilhão do Santa é a representação das três raças que constituíram a nação brasileira: a negra, a branca e a índia e que hoje representa uma grande outra nação, a nação tricolor.

A maior virada do futebol profissional brasileiro aconteceu em 1915 quando o Santa Cruz perdia por 5 a 1 do América, aos 30 minutos do segundo tempo, e em 15 minutos o tricolor marcou seis gols numa incrível sequência e venceu o jogo por 7 a 5.

O Santa Cruz foi o primeiro clube do Nordeste a derrotar uma equipe do Sudeste do país. No dia 30 de janeiro de 1919, venceu o Botafogo do Rio de Janeiro por 3 a 2.

A imprensa botou até Santos Dumont para escanteio. Já famoso naquela época, o pai da aviação estava de passagem pela cidade, mas perdeu espaço nos jornais para o centroavante Tiano, grande astro da partida.

O Santa Cruz possui o terceiro maior estádio do Brasil, o Estádio José do Rego Maciel (Arruda).

O Santa Cruz detém a maior invencibilidade da história do futebol brasileiro, levando-se em conta os jogos dentro de casa, com 45 jogos sem perder em seus dominios, entre 2004 e 2006.

O Santa Cruz foi o primeiro clube brasileiro a contar com o trabalho de uma especialista em Psicologia do Esporte em sua equipe de jogadores profissionais. A psicóloga Santana Moura chegou ao Santa em março de 1983. Neste mesmo ano a equipe sagrou-se Tri super-campeã de Pernambuco. Em 1999, Santana Moura retornou ao clube, que na época se encontrava há 11 anos na segunda divisão, e participou da campanha que o levou de volta à elite do futebol brasileiro.

O Artilheiro do Brasil

Em 1973, Ramón, vestindo a camisa Coral foi o quinto jogador de um clube do Nordeste a se tornar artilheiro de uma competição nacional. Antes dele, na Taça Brasil, antecessora da atual Copa do Brasil, foram igualmente artilheiros: Léo Oliveira do Bahia (1959), Bêcece do Fortaleza (1960), Ruiter do Confiança/SE (1963), Bita do Náutico (1965 e 1966) e Chiclete do Treze (1967).

Excursão suicida ao Norte brasileiro

Em 1943, sem ter como pagar salários aos seus jogadores, o Santa resolveu excursionar ao Norte do Brasil, embarcando na madrugada do dia 2 de janeiro. A delegação viajou à noite, pois era época da Segunda Guerra Mundial e havia a presença constante de submarinos alemães no litoral brasileiro. O vapor "Pará", navio que levava o time do Santa, era escoltado por dois navios da Marinha de Guerra. Ainda assim, teve que navegar com as luzes apagadas e os jogadores dormiam no convés.

A primeira parada foi ainda no Nordeste do País, em Natal. No Estádio Juvenal Lamartine, o Santa Cruz enfrentou a Seleção Potiguar, goleando por 6 a 0. No dia 10 de janeiro, o Santa desembarcou em Belém e o primeiro adversário do clube no Norte do País foi o Transviário, que acabou sendo goleado por 7 a 2. Em seguida, o Santa venceu a Tuna Luso por 4 a 2, empatou com a Seleção Paraense em 2 a 2, e com o Paysandu em 4 a 4. Na despedida da capital paraense, perdeu para o Remo pelo placar de 5 a 3.

A viagem prosseguiu em direção a Manaus, em um vapor-gaiola que subia o Rio Amazonas rebocando uma alvarenga carregadas de alimentos para o Acre. Duas semanas depois, os jogadores, cansados da longa viagem, chegavam em Manaus. Já em terra firme, perderam a primeira partida para o Olímpico por 3 a 2. No jogo seguinte, golearam o Nacional por 6 a 1. Após a partide, o chefe da delegação, Aristófanes de Andrade (o Tofinha), e os atletas King, França, Pinhegas, Guaberinha, Edésio e Papeira, foram atacados por uma forte disenteria. Todos foram medicados e liberados, porém com recomendações alimentares. No último jogo em Manaus, o Santa Cruz venceu o Rio Negro por 3 a 1.

Durante a descida pelo Rio Amazonas, o goleiro King e o atacante Papeira apresentaram forte recaída devido à disenteria, a qual é diagnosticada pelo médico a bordo do vapor como sendo febre tifóide. O Santa Cruz desembarcou novamente em Belém no dia 28 de fevereiro e enfrentou o Remo no dia 2 de março, vencendo por 4 a 2. Dois dias depois, King faleceu, vitimado pela febre tifóide. O goleiro do Santa foi enterrado no cemitério de Belém. Três dias depois, a doença mataria Papeira.

Desesperados, os componentes da delegação trataram de retornar à Recife o mais rápido possível. Somente no dia 28 de março é que conseguiram transporte, porém com parada de quatro dias em São Luís, no Maranhão. Os jogadores trocaram as passagens de primeira classe por terceira classe, recebendo a diferença em dinheiro. Por isso, tiveram que viajar na companhia de 35 ladrões, que a polícia do Pará deportava para o Maranhão.

Em São Luís, novos jogos foram disputados e a renda foi distribuída entre os jogadores. O cozinheiro do navio teve que jogar no time do Santa Cruz, devido ao déficit no número de jogadores. A delegação embarcou em um navio com destino à Fortaleza. Porém, como o radar acusava a presença de submarinos alemães na área, o comandante resolveu retornar a São Luís.

Então, cansados desses três meses de privações e angústia, os jogadores decidiram retornar a Recife por terra: completaram a viagem de volta em trem até Teresina e em ônibus até Fortaleza. O Santa Cruz ainda realizou jogos no Piauí, completando um total de 28 partidas na excursão. A delegação chegou a Recife na madrugada do dia 2 de maio.

Vitória sobre a Seleção Brasileira de 1934

Em outubro de 1934, a Seleção Brasileira, procedente da Copa da Itália, desembarcou no Recife para uma série de amistosos, e os resultados obtidos foram: Brasil 5 a 4 Sport, Brasil 3 a 2 Santa Cruz, Brasil 8 a 3 Náutico.

Entretanto, um atraso do navio da Seleção fez com que o Tricolor pedisse uma revanche, e, desta vez, com vitória: Santa Cruz 3 a 2 Brasil. Com esta vitória, o Santa Cruz tornou-se um dos poucos clubes do mundo a conseguir derrotar a Seleção Brasileira.

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