domingo, 20 de janeiro de 2013

Ídolo no Santa Cruz, Léo quase troca o futebol para trabalhar de chaveiro



Cedo, já teve que sair de casa e rumar para outro Estado. Profissionalizou-se longe de casa, assinou um contrato de três anos de duração e tudo parecia encaminhado. Léo foi emprestado ao Treze para ganhar bagagem, mas ficou com o vice do Paraibano em 2007. Acabou voltando para o Marília e se deparou com outra situação. Ficou tão chateado que desistiu de jogar.
- Depois que joguei no Treze, voltei ao Marília e lá tudo tinha mudado. Até a presidência. Pedi uma chance no time profissional e não me deram. Fiquei triste por diversos motivos. Fiquei triste com o futebol mesmo, com o que acontece nos bastidores, coisa de empresário e tal. Não necessariamente com o Marília, que foi um clube que me ajudou muito. Na hora eu fui embora. Fiz um acordo e só pedi a passagem de volta. Voltei para casa e não queria mais saber de futebol. Desisti.

O empresário fazia parte da Coral Investimentos, que foi parceira do Santa Cruz em 2009 e levou alguns atletas ao Arruda. Dos 12 atletas, só Léo e o meia Leandro Bravin foram aproveitados pelo treinador do Tricolor na época, Sérgio China. Depois de 40 dias de testes, Léo foi aprovado. Fez um contrato de risco: apenas quatro meses para provar que podia ficar.
Quando as portas ameaçavam se fechar, outra oportunidade.
- Lembro que o Márcio Bittencourt foi embora e, junto com ele, um monte de jogadores. Mas o Márcio pediu para ficarem comigo, dizendo que eu era um bom jogador. E nesse meio tempo, chegou o Raimundo Queiroz e ali fechamos um contrato de dois anos. Aí, o Lori Sandri chegou e eu ouvi um boato que eu ia ser mandado embora. Eu nem tinha jogado pelo Santa Crz. Só a Copa Pernambuco. Ainda pedi para alguns jogadores arrumarem um time para eu ir. Mas na época ninguém tinha contatos.
Apenas 19 anos de idade. E uma frustração nas costas. Seu Leonel Prando, pai de Léo, deu-lhe uma bronca. Queria o filho trilhando um caminho de sucesso. Leonel sabia o que tinha uma joia a ser lapidada em casa. Mas Léo não queria saber de nada. Só queria ajudar o pai, chaveiro, a tocar sua vida e sustentar a família. E voltou a ser peladeiro, como antes.
- Fiquei em casa um tempão.  Surgiu uma proposta do Foz do Iguaçu, time da minha cidade. O treinador me conhecia e me chamou. Mesmo assim, eu trabalhava e treinava. Meu pai era chaveiro e eu ajudava ele. Era uma época muito boa, mas eu não jogava mais. Só voltei a bater peladas com meus amigos.
Mas aí, eis que o destino também deu uma de chaveiro. Resolveu, mais uma vez, de maneira insistente, abrir portas. Léo foi quase arrancado de casa para se tornar jogador de futebol.
- Ligaram para a loja do meu pai e era um empresário de Porto Alegre, que eu nunca tinha visto na vida. Ele disse ao meu pai que queria conversar comigo. E meu pai até falou para ele: 'O Léo nem está aqui. Foi dar uma volta'. Quando eu voltei, conversei com ele. Perguntei de onde ele me conhecia e ele falou que conhecia o meu futebol ainda da época do Marília. Não sei por que conversei com ele. Podia ser um golpe, sei lá - diz aos risos.

A trajetória mudou quando Lori Sandri deixou o clube e Dado Cavalcanti assumiu. Sob o comando de Dado, Léo estourou. Inclusive, foi com o treinador, na Copa do Brasil de 2010, que o volante fez o jogo que se tornou um marco na sua carreira. No dia 1º de abril daquele ano, o Santa Cruz batia o Botafogo no Engenhão e eliminava o time carioca da competição. E Léo marcou um gol.
- Aquele jogo foi sensacional, sem dúvidas. Em Pernambuco, todos ficaram sabendo do meu valor.  Quem não me conhecia ainda, passou a conhecer.

Porém mais um percalço estava no caminho de Léo. Aliás, vários, que iam e depois voltavam. As dores crônicas causadas pela inflamação da pubalgia incomodavam o jogador.
- Eu tinha um problema e várias pessoas diziam que era mentira. Eu fazia um ou dois jogos e depois parava. Era muito ruim e eu fiquei nessa por 11 meses. É uma das lesões mais chatas que existem. Me tratei com o fisioterapeuta do São Paulo, onde eu fiquei de 20 a 30 dias fazendo fortalecimento muscular. Tenho sempre que fazer isso. Nos inícios de trabalhos, ela sempre incomoda. Mas eu já sei lidar com isso e agora eu vivo uma fase de alegrias. As dores não me incomodam mais.
Amadurecimento no Botafogo
Apesar dos vários testes que a vida lhe proporcionou, Léo confirma que lhe faltava mais amadurecimento. E isso veio quando surgiu a proposta do Botafogo, em 2011. O jogador não deu certo em bandas cariocas. Mas aprendeu.
- Evoluí muito como pessoa no Botafogo. Fiz grandes amigos, como o Renato, o Elkesson, o Cortês e o Jefferson.  O Renato é um cara humilde e extraordinário. Com tudo o que ele tem na carreira ter a humildade daquele jeito. Outro amigão meu era o Jefferson. Um dia, o Jefferson sentou comigo na mesa e me disse que eu nunca parasse de jogar, que meu futebol era muito bom. Todos me deram a maior força. Minha visão de vida mudou muito ali.
Apesar de ser emprestado duas vezes e viver uma fase de idas e vindas também com o Santa Cruz, ainda deu tempo para Léo ser campeão estadual pelo Tricolor em 2011 e 2012. O volante vê um grupo forte sendo montado. E crê que com o técnico Marcelo Martelotte, o time está no caminho certo.
- Em 2011 e em 2012, tínhamos grupos muito unidos. No papel, não tinha como a gente bater o Sport ou o Náutico. A quem você perguntar, vai responder isso também. Hoje, estamos passando por uma reformulação. Mas acho que o nosso grupo tem tudo para dar certo. O Marcelo tem um pensamento bom, de time ofensivo. Se todo mundo encaixar, vamos conseguir os objetivos.
Leonoel, pai do jogador, sempre incentivou Léo a jogar bola e seguir no futebol (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

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